Não me lembro bem como ela disse, só lembro que alugou um triplex na minha cabeça. Acontece que até os triplex são impermanentes, e a lembrança foi se apagando progressivamente.
Até que, pensando em escrever justificando a minha ausência na newsletter esse mês, a fala da Márcia Baja voltou à minha mente. Deve fazer uns 10 anos que ouvi dela que é maravilhoso nós sermos esquecíveis. Nosso apego ao eu nos leva a querermos ser alguém inesquecível, mas basta refletirmos um pouco sobre isso para perceber que essa é uma ideia descabida. Muito melhor (e condizente com a realidade) nós podermos ser completamente esquecíveis.
É muito provável que você sequer tenha notado ter passado mais de um mês sem receber a kotoba, e isso é um grande alívio para mim. Cada dia de atraso seria um tormento se eu imaginasse que alguém estava sentindo falta dela.
Ainda assim, venho aqui dar um oi. Ser esquecível não quer dizer sumir. É só não ficar sustentando uma identidade, querendo ocupar um espaço que, se você não estiver lá, ficará vazio.
Que o espaço se preencha com várias criações luminosas, entre elas, a sua.
Entrando na doideira da produtividade
Esse mês comecei um trabalho em que eu preciso otimizar meu tempo para cumprir prazos. Sempre lidei com prazos em alguma medida, mas não com tantos ao mesmo tempo como agora. E bom, essa edição da newsletter entrou nesse embalo. Não me demoro em elaborar as frases, não vou muito longe nas ideias e muita coisa que eu gostaria de contar vai ficar de fora.
Só não abro mão de contar das minhas leituras e minha trilha sonora recente.
O que ando lendo
Osamu Tezuka, referência no universo do mangá, dedicou mais de 10 anos a uma obra retratando a vida do Buda. Ela está sendo reimpressa em 8 volumes pela JBC e estou quase terminando o volume 6.
Buda viveu em uma época de acontecimentos bem surpreendentes e o Tezuka ainda dramatiza e inventa um bocado de eventos fantásticos. Prato cheio para um bom mangá.
Cabe fazer a ressalva de que Tezuka não era praticante budista, e isso talvez limite um pouco a forma como ele aborda os ensinamentos, mas acho que isso não anula o valor da obra como um todo e, apesar da liberdade criativa, Tezuka se atém aos principais eventos da vida do Buda.
O que ando ouvindo
Descobri esses dias uma cantora chamada Ado, que simplesmente me arrebatou. Gosto como ela me causa arrepios em algumas músicas que ela canta de modo muito visceral.
Especulação minha, mas talvez o fato dela não mostrar o rosto publicamente proporcione uma liberdade para ela ousar mais na expressão de sua voz. Essa performance da música Ussewa, por exemplo, é insana. Na parte final, ela está literalmente berrando. É maravilhoso.
Gosto muito também do clipe de Value. A melodia da música e a ambientação do clipe me faz sentir dentro de um sonho.
Antes da Ado, minhas obsessões musicais foram respectivamente: a música gunjou da YOASOBI (e a Lilas cantando nessa apresentação é maravilhosa), e a trilha sonora do filme Dias perfeitos.
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Até a próxima!
Senti falta e fiquei feliz de te ver na caixa de entrada. Além disso, que puta lembrete importante o de ser esquecível, viu? Meu ego ansioso tomou uma porrada. Beijos!