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Outras visões de mundo
Olá amigas e amigos!
Primeiramente, gostaria de dar as boas-vindas a quem está chegando esse mês na newsletter. Como uma forma de retribuir o interesse de cada um(a) que já assinou, tenho me esforçado para não quebrar com a frequência mensal estabelecida, o que tenho feito com sucesso já faz alguns meses.
Esse mês quase que não foi. Eu estava trabalhando em um texto sobre determinado âmbito da minha vida que teve um novo desdobramento essa semana, de forma que vou ter que mudar o rumo do texto, ou abandoná-lo de vez. A decidir.
Para não deixar o mês passar em branco, improvisei essa edição só com indicações, principalmente de leitura. Aliás, se um dia fizer sentido eu oferecer uma opção de assinatura paga, essa é uma das possibilidades de conteúdo exclusivo em que pensei, uma edição extra em que indico leituras, entre outras coisas legais de compartilhar. Por enquanto, se você recebeu esse texto de alguém e ainda não assina, basta clicar no botão abaixo para cadastrar o seu e-mail.
O que estou lendo
Pageboy, o livro de memórias do ator Elliot Page, foi lançado esse mês pela editora Intrínseca. Page ficou conhecido principalmente como protagonista do filme Juno, mas o primeiro filme em que o vi (aliás, ainda não assisti Juno!) foi Inception (A origem, título em português meio nada a ver), onde uma equipe recebe a missão de se infiltrar nos sonhos do herdeiro de uma grande corporação para influenciar suas escolhas. Page interpreta uma estudante de arquitetura recrutada para projetar cenários de sonho labirínticos que mantenham o alvo no sonho por mais tempo.
A biografia de Elliot despertou meu interesse pelos mais variados fatores. Eu pouco ou quase nada conheço da vivência de uma pessoa trans, e ler um relato em primeira pessoa é uma boa forma de entender um pouco melhor. Além disso, Elliot fala muito da sensação de não pertencimento, um sentimento que eu também conheço bem. Por fim, não posso deixar de mencionar que tive um crush no ator quando assisti Inception, informação que trago em primeira mão para vocês.
Elliot fala sobre ser trans, mas fala sobre muitas outras coisas. No capítulo 13, ele conta a experiência que teve durante um curso de formação em permacultura, onde não precisava se adequar a uma certa imagem e tinha uma relação saudável com o meio ao seu redor:
Havia passado muito tempo tentando me encaixar num sistema que meu corpo rejeitava. Estar distante de quem costumava ser e do mundo que me cercava me deixava tranquilo, me dava esperança.
(…)
Aquele era um espaço cheio de sonhos e ideais que genuinamente pareciam com os ensinamentos que aprendíamos no jardim de infância (seja gentil e colaborativo, cuide da terra, divida suas coisas), conceitos que tentam nos forçar a esquecer, uma vez que não cabem no sistema capitalista.
E eu acho que essa percepção é chave para entender nossos enroscos pessoais para além da culpa. Somos interdependentes com tudo que nos cerca. Ainda que tenhamos escolha sobre como vamos reagir às circunstâncias, é muito difícil sequer se dar conta da influência externa quando determinados padrões se repetem tanto que se tornam “naturais” para nós.
Indicação de newsletter
Semana passada, eu estava lendo a edição mais recente da newsletter do Emerson Karma Kontchog, em que ele escreve sobre o risco da meditação fora de contexto amplificar o egoísmo. Eu diria, por experiência própria, que mesmo dentro de contexto existe o risco, quem dirá fora dele.
Desde que comecei a me interessar por meditação, procuro me orientar por dentro da tradição budista. Ainda assim, a tendência a priorizar o ganho pessoal ainda me vence na maioria das vezes e só sento para meditar na expectativa de me sentir bem. Não tem nada de errado em querer se sentir bem, mas o ponto que o Emerson traz em seu texto é que não tem como se sentir bem cultivando uma motivação individualista, ou seja, que não leva em conta a nossa intedependência com os outros seres:
Assim, ao chegar na meditação buscando coisas como melhora, contentamento e equilíbrio, o resultado provável será o contrário disso — considerando que o desprezo egoísta em relação a outras pessoas aumenta o sofrimento tanto alheio quanto individual.
(…)
Isso também comprova algo que tradições como o budismo Mahayana empregam há séculos: meditações de concentração devem ser sempre precedidas por reflexões compassivas.
Em sua newsletter, Emerson Karma Kontchog escreve sobre espiritualidade, valores humanos, emergência ambiental, entre outros. Você pode assinar e conferir os textos anteriores nesse link aqui.
Ainda falando em meditação
O grupo de estudos do livro Acolher o Indesejável, escrito por Pema Chödrön, começou a cerca de um mês na comunidade do lugar. Estou acompanhando e achando o livro realmente incrível, e o estudo em comunidade torna a leitura muito mais significativa.
Pema Chödrön nos apresenta orientações e exemplos práticos de como navegar por um mundo em constante transformação, que desafia nosso anseio por encontrar algo estável em que possamos nos apoiar.
Nesse link estão todas as informações do estudo, inclusive um código de desconto para adquirir o livro diretamente pela editora Gryphus. O estudo no lugar vai até o final de agosto. Inclusive, todos os encontros ficam gravados, então mesmo que, por acaso, ele já tiver acabado quando você estiver lendo esse texto, ainda é possível entrar e fazer o estudo todo pelas gravações, além de participar de outros encontros do lugar.
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