POV: entrei de férias na livraria onde trabalho como part-time 4 dias na semana.
Começo a escrever esse texto em uma segunda-feira,
e me sinto muito mais disposto do que o usual. Meu chefe colocou o início das minhas férias para quinta-feira, dia em que começaria minha jornada da semana.
Foi nessa que me dei conta de que férias é um estado mental. Hoje seria uma segunda como qualquer outra, mas a energia é bem diferente. Nenhuma sensação de urgência, nem de estar sobrecarregado pelas demandas. É como se o tempo tivesse se expandido e eu pudesse aproveitar muito mais os meus dias.
Ontem, dia seguinte ao último sábado de expediente,
dormi até às 10h da manhã, coisa que eu não me permitia fazer há meses. Acordei tranquilo, sem culpa, lavei o rosto, escovei os dentes, preparei e tomei o café da manhã, tudo no meu ritmo. Li um capítulo de Oração para desaparecer, da Socorro Accioli, que estava lendo em doses homeopáticas até então.
Hoje é meu primeiro sábado de férias,
e minha rotina tem sido a mesma desde segunda-feira: acordar cedo para adiantar as coisas do outro trampo, e aproveitar o dia para acompanhar as Olimpíadas.
Quarta fui ao cinema para ver o filme O mal não existe, de Ryusuke Hamaguchi, diretor de Drive My Car. Não entendi nada, recomendo.
Ainda que as férias sejam um estado mental, não é possível forjá-las.
Estou ciente de que, quando acabar, acabou.
“Ah mas você pode manter esse estado mental quando o trabalho voltar”. Uma versão mais jovem de mim certamente pensaria assim. Talvez porque assisti Matrix em uma época em que eu era muito sugestionável, carrego até hoje essa crença sutil de que tudo está na minha mente. A cena do menino careca dizendo “There is no spoon” e a do Neo parando as balas do agente Smith sempre me fazem acreditar que eu posso moldar a realidade do jeito que eu quiser, mas é claro que não é assim que a banda toca.
As férias não estão nas férias em si, ainda assim, dependem dessa condição específica que convencionamos chamar de férias para surgirem. Tentar sustentar esse estado mental indefinidamente é forçar a barra. A chavinha que virou quando me percebi de férias vai precisar virar para a posição anterior quando ela acabar.
Achou que não ia ter vídeo na newsletter?
Pois essa edição terá.
Trago para vocês uma retribuição por terem me ajudado na compra do Solanin, mangá de Inio Asano, em japonês. Um agradecimento especial, claro, para quem contribuiu com R$5 ou R$10, mas a retribuição também é pelas tantas pessoas que leram o texto que escrevi sobre o mangá. Taxa de leitura é só um número, mas não deixa de refletir o interesse do leitor. A leitura requer um engajamento ativo, um movimento e um esforço em direção ao texto, o que já é bastante significativo em meio a tanto conteúdo disponível.
No vídeo, enquanto comento algumas particularidades que só existem na língua japonesa, conto um pouco do que me levou a esse mangá (ou talvez, como ele chegou até mim). Me empolguei e contei um pouquinho do enredo também (sem spoilers). Devo ter gravado pelo menos uns 20 minutos de vídeo, mas dei o meu melhor para editar e chegar em uma versão mais concisa, com menos de 8 minutos de duração. Peço desculpas pelo barulho de estaca que se ouve às vezes, só fui perceber na hora de editar.
Como já comentei em edições anteriores, o contato com a língua japonesa é uma das coisas que mais me mobiliza. Um dos critérios para eu decidir fazer algo é se isso vai me tornar mais íntimo da língua japonesa. Foi o que me levou a comprar o mangá, a folheá-lo, e querer gravar um vídeo comparando o português com a língua original.
Hoje, entendo que a newsletter, tal como ela se apresenta hoje, também se orienta nessa direção. Trago tantas produções culturais japonesas nas referências porque são elas que me mantém em contato com a língua. A edição mais lida desde que comecei no Substack foi sobre o filme Meu nome é Chihiro, filme maravilhoso, mas que eu não sei se teria assistido se não fosse pelo fato de ser um filme japonês.
Quando rolo o feed do Youtube, o que captura a minha atenção, além de thumbs apelativas, são títulos que aparecem em japonês. No mínimo, paro para testar a minha capacidade de leitura.
Isso é puro karma, palavra sânscrita que significa literalmente ação. Uma ação que você faz em uma direção intensifica uma tendência a seguir pelo mesmo caminho, que vai se tornando mais fácil e familiar. Já me arrisquei a falar sobre minha percepção de carma na edição que escrevi sobre Kafka à beira-mar, do Haruki Murakami (oh, quem diria, um japonês!), e sobre o carma que me levou ao curso de Letras - Japonês.
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