Antes de começar essa edição, um breve recado sobre a newsletter: seguindo a sugestão de algumas pessoas, voltarei a enviá-la quinzenalmente.
Deixo esse recado de saída, caso alguém não se sinta confortável com uma frequência maior de e-mails e queira se descadastrar. Entendo que a newsletter pode ser inconveniente para você pelo mesmo motivo que é conveniente para mim: ela sempre te entrega tudo que eu envio.
Prometo que não vou tomar muito do seu tempo se você continuar por aqui. O tempo de leitura de cada edição sempre gira em torno de 5 minutos, mais o tempo que você eventualmente queira dedicar aos links que vou deixando aqui e ali.
No mais, você sempre pode me escrever contando o que tem achado da newsletter, tanto nesses aspectos mais objetivos, como tamanho e frequência, quanto na qualidade dos textos.
Não tem como escapar: quanto mais velhos ficamos, mais o nosso corpo demanda atenção. Não que você precise esperar qualquer sinal de alerta para começar a cuidar do corpo, aliás, se você é jovem ainda (jovem ainda), recomendo que cuide desde já, da melhor forma possível.
Uma mudança simples mas muito significativa que implementei na minha vida foi começar a urinar sentado. Essa é uma prática que homens dificilmente consideram adotar, uma vez que fazer de pé sempre deu certo, aparentemente. O consenso científico, no entanto, é de que fazer sentado ajuda a preservar o funcionamento do trato urinário até uma idade avançada.
Quando a gente é jovem, tudo funciona maravilhosamente bem, então essas questões não parecem ter relevância. Até que chega uma certa idade. No meu caso, que sempre tive um estilo de vida sedentário, bastou passar dos 30. Uma das coisas que pegou para mim foi que, depois de urinar, eu ficava sempre com um resquício de urina retido na uretra, o que é bastante desconfortável, porque depois ele vai saindo aos pouquinhos durante outras atividades. Quando comentei isso com um urologista, ele falou que isso acontece porque a musculatura vai enfraquecendo conforme a idade avança (Dalmo, aos 30 anos, já era um idoso).
Adotar a posição sentada, por si só, já diminuiu bastante o inconveniente, porque não obstrui a passagem da urina, e eu só levanto quando efetivamente sinto que eliminei o máximo de resquício possível. Um pouco de investimento em atividade física também tem melhorado meu condicionamento muscular em geral.
Não menos importante é a questão da higiene. Homens costumam não se dar conta da nojeira que fazem quando mijam de pé. Alguns até se esforçam para evitar a sujeira, outros parecem simplesmente tocar o foda-se. Qualquer um que entre em um banheiro público masculino descobre que tem cara que não faz a menor questão de acertar dentro do vaso. Tem mané que mija de pé com a tampa abaixada, como se fosse um animal marcando território. De todo modo, não precisa ser nenhum vacilão, fazer de pé sempre implica em respingos para fora do vaso, mesmo para quem é cuidadoso.
Um estudo encaminhado por uma empresa que fabrica utensílios para banheiro avaliou a extensão dos respingos quando uma pessoa urina de pé. Para isso, foi utilizado um dispositivo que simula a uretra, um líquido fluorescente e luz UV. O resultado visual é bem impactante:
Fazer sentado também se mostra conveniente porque, precisando, você aproveita para fazer o nº 2. Na história evolutiva dos vertebrados, os mamíferos divergiram da maioria dos grupos, que possuem cloaca, uma saída única para os sistemas digestório, excretor e reprodutor, mas talvez, a nível neuromuscular, a gente ainda preserve essa interligação. Fazer xixi em pé deve até dar uma bugada no sistema, porque a musculatura pélvica tem que relaxar para liberar a uretra, mas não pode liberar o reto, que está logo ali.
É até intrigante que o modo padrão para homens urinarem seja de pé. É algo que a gente faz unicamente porque sim, não porque confira alguma vantagem. Tudo bem que poupa um certo tempo, o contraste entre a fila no banheiro público masculino e feminino está aí para provar. Honestamente, eu preferia esperar 10 minutos a mais do que ter que limpar a urina dos outros com papel para poder usar o assento.
Defendo que a gente crie uma cultura em que os homens recorram a posição de pé exclusivamente em situações de emergência, como estar no meio do mato ou para usar o mictório quando tiver fila para uso das cabines no banheiro público. Teríamos menos banheiros em condições insalubres, o que viabilizaria o uso do assento, e esses dois fatores se reforçariam mutuamente.
Aliás, temos um case de sucesso na Alemanha, onde existe até uma palavra específica para homens que urinam sentado: sitzpinkler. Uma medida peculiar ajudou a estabelecer a prática: foi implementado em banheiros públicos um dispositivo que emite um alerta de voz quando o homem tenta levantar a tampa. Dados levantados esse ano pela YouGov apontam que 62% dos homens alemães adotam a posição sentada como padrão.
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Acho que se construiu essa coisa do mijar em pé relacionado com uma ideia de virilidade e masculinidade, que é bem besta por si só. Mas se tem uma coisa boa é poder sentar e realmente relaxar na hora de ir ao banheiro, seja lá o que for fazer. Apoio a cultura do xixi sentado!